Em 22/08/2024 as Lojas Renner S.A. emitiu um comunicado ao mercado informando que, em atenção à Resolução CVM 193/23, a companhia fará em caráter voluntário, a adoção as normas IFRS S1 e S2 no padrão internacional emitido pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), com a expectativa de divulgar seu primeiro relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade já em 2025.
Este é um passo importante para as Lojas Renner e um grande exemplo a ser seguido pelas companhias brasileiras.
As normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), fazem parte do novo padrão internacional voltado para relatórios de sustentabilidade e têm o objetivo de padronizar a divulgação de informações ambientais, sociais e de governança (ESG) das empresas. Esses padrões visam aumentar a transparência, comparabilidade e qualidade das informações divulgadas, o que é fundamental para investidores e outras partes interessadas na avaliação do desempenho sustentável das organizações.
IFRS S1: “Requisitos Gerais para a Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade”
A norma IFRS S1 estabelece os requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. Ela foca na padronização das divulgações sobre como os fatores de sustentabilidade podem impactar o desempenho financeiro da empresa no curto, médio e longo prazo. As principais diretrizes da IFRS S1 incluem:
- Escopo Abrangente: A IFRS S1 abrange todas as áreas de ESG que podem influenciar as finanças da empresa, garantindo que as informações divulgadas sejam abrangentes e relevantes.
- Materialidade: As empresas devem focar na divulgação de informações que sejam materialmente relevantes para seus investidores. Isso significa que os relatórios devem destacar os fatores de sustentabilidade que têm potencial para afetar significativamente a posição financeira e o desempenho da empresa.
- Integração com Relatórios Financeiros: A IFRS S1 enfatiza a necessidade de as empresas integrarem as informações de sustentabilidade em seus relatórios financeiros tradicionais, promovendo uma visão holística do desempenho corporativo.
- Comparabilidade e Consistência: A norma busca garantir que as informações sejam apresentadas de maneira comparável entre diferentes empresas e ao longo do tempo, facilitando a análise por investidores e outras partes interessadas.
IFRS S2: “Divulgação Relacionada ao Clima”
A IFRS S2 é especificamente voltada para a divulgação de informações relacionadas ao clima. Ela foca nos riscos e oportunidades climáticas que podem afetar as empresas e a forma como estas gerenciam esses aspectos. Os principais pontos da IFRS S2 incluem:
- Divulgação de Riscos e Oportunidades Climáticas: As empresas devem relatar os riscos físicos (como desastres naturais) e de transição (como regulamentações climáticas) que possam impactar seus negócios. Além disso, devem identificar as oportunidades relacionadas ao clima, como inovações em tecnologias limpas.
- Cenários Climáticos: A IFRS S2 incentiva as empresas a utilizarem cenários climáticos para avaliar o impacto potencial de diferentes trajetórias de aquecimento global em seus negócios. Isso ajuda a fornecer uma visão de como as mudanças climáticas podem influenciar a estratégia e as operações da empresa.
- Métricas e Metas: As empresas são orientadas a divulgar as métricas utilizadas para monitorar os riscos e oportunidades climáticas, bem como as metas estabelecidas para mitigar esses riscos ou aproveitar as oportunidades. Exemplos incluem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
- Consistência com TCFD: A IFRS S2 está alinhada com as recomendações da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que é amplamente reconhecida e adotada internacionalmente. Isso ajuda a criar consistência e facilita a adoção pelas empresas que já seguem as diretrizes da TCFD.
Importância e Impacto das Normas IFRS S1 e S2
As normas IFRS S1 e S2 são vistas como um marco importante na evolução dos relatórios de sustentabilidade, fornecendo uma base mais sólida para a avaliação do desempenho ESG das empresas. Elas também refletem a crescente demanda dos investidores por informações mais claras e padronizadas sobre sustentabilidade, à medida que as questões ESG se tornam cada vez mais centrais nas decisões de investimento.
A adoção dessas normas pode trazer desafios para as empresas, especialmente no que diz respeito à coleta de dados e à implementação de processos internos para garantir a conformidade. No entanto, ao mesmo tempo, essas normas oferecem uma oportunidade para que as empresas demonstrem liderança em sustentabilidade e melhorem seu relacionamento com investidores e outras partes interessadas.